sábado, 12 de junho de 2010

Barroco

Barroco foi o nome dado ao estilo artístico que floresceu na Europa, América e em alguns pontos do Oriente entre o início do século XVII e meados do século XVIII. De certa forma o Barroco foi uma continuação natural do Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clássica, com a diferença de a interpretarem e expressarem esse interesse de formas diferentes. Enquanto no Renascimento as qualidades de moderação, economia formal, austeridade, equilíbrio e harmonia eram as mais buscadas, o tratamento barroco de temas idênticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberância e realismo e uma tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Mas nem sempre estas características são evidentes, e houve uma grande variedade de abordagens estilísticas que foram englobadas sob essa denominação, com certas escolas mais próximas do classicismo renascentista e outras mais afastadas dele. As mudanças introduzidas pelo espírito barroco se originaram, pois, de um profundo respeito pelas conquistas das gerações anteriores, e de um desejo de superá-las com a criação de obras originais.







Arquitectura



-Características da arquitectura:

Durante o período barroco, duas tipologias protagonizaram as pesquisas formais e construtivas: o palácio e a igreja. Os arquitectos barrocos entendiam o edifício de forma integrada, como se fosse uma grande escultura, única e indivisível. A sua forma era ditada por complexos traçados geométricos (muitas vezes baseados em formas curvas e em ovais) que imprimiam qualidades dinâmicas aos espaços e às fachadas. Ao mesmo tempo, abandonaram-se os rígidos esquemas baseados nas ordens clássicas.
A arquitectura caracterizou-se pelo uso de colunas, frisos, fron­tões, arcos e cúpulas; nas fachadas curvas e contra curvas e nichos. Como decoração recorreu-se a baixos-relevos, pinturas, mosaicos, mármores e talha dourada








Pintura

-Características da pintura

Na pintura verificou-se, neste período, para além da transformação estilística, o alargamento dos géneros e das próprias dimensões desta forma de arte, de maneira a integrar organicamente os espaços arquitectónicos.

Esta pintura em trompe l'oeil, aplicada em paredes e tectos constituiu uma das mais originais contribuições do Barroco.

Esta actividade artística recorreu a cores quentes (amarelos, vermelhos, dourados), a jogos de luzes e sombras; arte do retrato acentuou-se.





Grandes pintores

O mais influente pintor deste período foi o italiano Caravaggio, famoso pelas pinturas religiosas nas quais os contrastes entre a luz e sombra na modelação dos corpos e dos espaços introduz uma atmosfera dramática de intensa espiritualidade.

A pintura barroca flamenga afirmou-se através do trabalhos de dois artistas, bastante diferentes entre si: Peter Paul Rubens, autor de uma pintura vigorosa, sensual e teatral, e Rembrandt van Rijn, pintor mais introvertido, executou inúmeros auto-retratos inspirados na linguagem intensa e dramática de Caravaggio.

Em Espanha, a pintura atingiu um elevado nível artístico, protagonizada por Diego Rodríguez da Silva e Velásquez, por Bartolomeu Murillo e por Francisco Zurbarán. Velásquez, pintor oficial da corte e um dos mais originais artistas barrocos, realizou a sua obra-prima, "As Meninas", em 1629.

Em França, ao caravagismo de sentido intimista da pintura de Georges de La Tour opõem-se a vertente mais classicista dos trabalhos de Nicolas Poussin e o caráter cenográfico das pinturas de Charles le Brun para o Palácio de Versalhes.




Escultura


-Características da escultura

Na escultura barroca procurou-se explorar o dramatismo das figuras representadas, tentando suscitar os sentimentos do observador.

Esta arte caracterizou-se pelo movimento, expressão de sentimentos fortes (dor, sofrimento, paixão) e pelo grande exagero das formas.





Grandes escultores

A escultura barroca encontrou o seu paroxismo nas obras do italiano Gian Lorenzo Bernini, caracterizadas pelo virtuosismo técnico e pela tentativa de captar o movimento em momentos fugidios, caso das peças "Apolo e Dafné", realizada entre 1622 e 1624 ou no "Êxtase de Santa Teresa", de 1645.





ROCOCÓ


Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores.
Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura disseminou-se para todas as artes. Vigoroso até o advento da reação neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.
Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras.
O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado", técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro utilizadas originariamente na decoração de grutas artificiais.

Características gerais:
· Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas, laços e flores.
· Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante.






ARQUITETURA

Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal corrente da arte e da arquitetura pós-barroca. Nos primeiros anos do século XVIII, o centro artístico da Europa transferiu-se de Roma para Paris. Surgido na França com a obra do decorador Pierre Lepautre, o rococó era a princípio apenas um novo estilo decorativo.

Principais características:

· Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa inundou os interiores por meio de numerosas janelas e o relevo abrupto das superfícies deu lugar a texturas suaves.
· A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno foi unificado, com maior graça e intimidade.


Principal Artista:

Johann Michael Fischer, (1692-1766), responsável pela abadia beneditina de Ottobeuren, marco do rococó bávaro. Grande mestre do estilo rococó, responsável por vários edifícios na Baviera. Restaurou dezenas de igrejas, mosteiros e palácios.






ESCULTURA

Na escultura e na pintura da Europa oriental e central, ao contrário do que ocorreu na arquitetura, não é possível traçar uma clara linha divisória entre o barroco e o rococó, quer cronológica, quer estilisticamente.
Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da arquitetura que se manifesta o espírito rococó. Os grandes grupos coordenados dão lugar a figuras isoladas, cada uma com existência própria e individual, que dessa maneira contribuem para o equilíbrio geral da decoração interior das igrejas.


Principais Artistas:

Johann Michael Feichtmayr, (1709-1772), escultor alemão, membro de um grupo de famílias de mestres da moldagem no estuque, distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande tamanho, obras-primas dos interiores rococós.


PINTURA

Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes decorativas e teve pequeno impacto na escultura e pintura francesas. No final do reinado de Luís XIV, em que se afirmou o predomínio político e cultural da França sobre o resto da Europa, apareceram as primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens.

Principais Artistas:

Antoine Watteau, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos de um estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista para a pintura do século XIX.

François Boucher, (1703-1770), as expressões ingênuas e maliciosas de suas numerosas figuras de deusas e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó. Além dos quadros de caráter mitológico, pintou, sempre com grande perfeição no desenho, alguns retratos, paisagens ("O casario de Issei") e cenas de interior ("O pintor em seu estúdio").

Jean-Honoré Fragonard , (1732-1806), desenhista e retratista de talento, Fragonard destacou-se principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um dos últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do impressionismo.

































sábado, 22 de maio de 2010

Características da pintura barroca

* Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
* Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade.
* Realista, abrangendo todas as camadas sociais.
* Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.
* A luz não aparece por um meio natural, mas sim projetada para guiar o olhar do observador até o acontecimento principal da obra, como acontece na obra "Vocação de São Mateus", de Caravaggio.




Pintura Barroca

No barroco, a pintura é inquietante e altamente espiritualizada. Os pintores barrocos enfatizaram novos e sugestivos métodos de composição. Usaram técnicas tais como figuras desproporcionais ante a perspectiva e desenhos que eram intencionalmente assimétricos. Esses artistas interessavam-se mais em captar a idéia de espaço e movimento do que apresentar formas individuais como a última perfeição. Miguel Ângelo, Caravaggio e Annibale Carraci foram pintores barrocos de grande nome. Petrus Paulus Rubens, de Flandres (hoje pertence à Bélgica), foi o líder da pintura barroca no norte. Os pintores espanhóis El Greco e Diego Valázquez acrescentaram elementos fortes e sombrios ao movimento. Como a arquitetura, a pintura barroca francesa do período conservou sobretudo qualidades clássicas, por exemplo nas obras de Nicolas Poussin e Claude -século XVII. No Brasil, destacam-se os trabalhos de Manuel da Costa Ataíde e Francisco Xavier Carneiro, em Minas Gerais, e as pinturas alegóricas de Pernambuco (Recife e Olinda), onde os temas religiosos se mesclavam a elementos profanos alusivos à invasão holandesa a às lutas contra os ocupantes.



segunda-feira, 26 de abril de 2010

Maneirismo em Portugal

O Maneirismo foi um estilo e um movimento artísticos europeus de retoma de certas expressões da cultura medieval que, aproximadamente os anos de entre 1515 e 1610, constituíram manifesta reacção contra os valores clássicos prestigiados pelo humanismo renascentista. Caracterizou-se pela concentração na maneira, o estilo levou à procura de efeitos bizarros que já apontam para a arte moderna, como o alongamento das figuras humanas e os pontos de vista inusitados. As primeiras manifestações neoclássicas dentro do espírito clássico renascentista costumam ser chamadas de maneiristas. O termo surge da expressão a maneira de, usada para se referir a artistas que faziam questão de imprimir certas marcas individuais em suas obras. Na literatura, em que sobressaem autores como Tasso, Cervantes, Ronsard, Shakespeare, e os poetas metafísicos, Camões, Bernardes, para nomear os principais, apenas e de passagem, observamos uma temática abrangente e comum que vai da dor à efemeridade, da desventura à incessante mutação de tudo, do nascimento à morte, que constitui o que se denominou "O homem e sua miséria". A angústia dessa condição miserável não está circunscrita apenas ao momento presente, pois que já vem do pecado original. Assim como o ameaçador mar, misterioso e portanto traiçoeiro, quando revolto; o mundo instável e aterrador, cheio de perigos e ciladas, tópicos muito gratos a poetas como Bernardes e Camões: "Andando em bravo mar, perdido o lenho". Também o desconcerto do mundo expressa-se em vários poetas; o labirinto em que a "alma está metida", o amor com suas contradições, evidenciam a natureza miserável e instável, ambígua, em que sobressai a melancolia e gera angústia.

Renascimento em Portugal

O Renascimento em Portugal estende-se de meados do século XV a finais do século XVI. O Renascimento português, para além do seu cunho próprio, nasce, principalmente em termos artísticos, da mistura do estilo gótico final com as inovações do século XV.

A subida ao trono do Mestre de Avis marca o início de uma nova época em Portugal. Novas perspectivas na evolução social, económica, política e cultural estavam em curso e marcariam o início de um novo período histórico, cultural e artístico que irá caracterizar o Renascimento em Portugal. Intensificaram-se os contactos com a Europa, o que proporcionou a Portugal receber as maiores influências dos diversos centros renascentistas da Europa, como era o caso da Itália e da Flandres, que viriam a contribuir para a consolidação dos ideais renascentistas no País.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sagrada Escritura

A "Sagrada Escritura" é o conjunto dos Escritos inspirados sagrados da Primeira Aliança e da Nova Aliança de Deus com os homens. Entre os livros santos da humanidade, a Bíblia distingue-se pelo sentido dos acontecimentos históricos que ela narra : nela se descobre, através dos acontecimentos que pontuaram a história de Israel (Primeira Aliança, ou numa linguagem cristã "Antigo Testamento"), que não é apenas o homem que procura Deus, mas que é o próprio Deus que procura o homem e estabelece aliança com ele.





Antiguidade

Idade Antiga, ou Antiguidade, foi o período que se estendeu desde a invenção da escrita (4000 a.C. a 3500 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) e início da Idade Média (século V). Neste período temporal verificamos que as chamadas civilizações antigas, que conhecem a escrita, coexistem com outras civilizações, escrevendo sobre elas (Proto-História).
Diversos povos se desenvolveram na Idade Antiga. As civilizações de regadio - ou civilizações hidráulicas - (Egito, Mesopotâmia, China), as civilizações clássicas (Grécia e Roma), os Persas (primeiros a constituir um grande império), os Hebreus (primeira civilização monoteísta), os Fenícios (senhores do mar e do comércio), além dos Celtas, Etruscos, Eslavos, dos povos germanos (visigodos, ostrogodos, anglos, saxões, etc) e outros.
A Antiguidade foi uma era importantíssima, pois nessa época tivemos a formação de Estados organizados com certo grau de nacionalidade, territórios e organização mais complexas que as cidades que encontramos antes desse período da história.
Algumas religiões que ainda existem no mundo moderno tiveram origem nessa época, entre elas o cristianismo, o budismo, confucionismo e judaísmo.
O próprio estudo da história começou nesse período com Heródoto e Tucídides, gregos que começaram a questionar o mito, a lenda e a ficção do fato histórico, narrando as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso respectivamente.







terça-feira, 2 de março de 2010

Paineis de São Vicente

Atribuídos a Nuno Gonçalves (pois quando foi reconstruído a primeira vez, foram encontradas as suas iniciais na bota esquerda de D. Afonso V), encontrados em1832, no Mosteiro de S. Vicente de Fora, pensa-se que foram feitos em 1460.

Trata-se de uma obra muito enigmática, devido as suas variadas interpretações, como por exemplo, o material com a qual foi pintada: uns pensam que foi a têmpera sobre madeira de carvalho, outros que foi pintada a óleo e outros que foi a gesso e a cola. As razões que indicam que fosse a óleo são que ao fazerem as radiografias da obra, foram descobertas algumas alterações efectuadas durante a sua realização, e alguns pormenores, que só eram possíveis utilizando este método; as razões da sua elaboração a gesso e a cola são que a obra revela uma camada cromática em que estão presentes, essencialmente, as cores primárias no fundo, efeitos de luz e o contraste entre cores claras e escuras.

Representa, principalmente, a sociedade portuguesa da época, ou seja, os seus grupos sociais, e a importância que detinham.

Outra das características mais evidentes da obra é a textura dos vestidos, desde os bordados, aos veludos, algodões, e até aos metais, nas vestes dos nobres, que revelam grande realismo.

Nesta obra, a cor é muito trabalhada, desde o branco ou cores neutras, no painel dos frades, o verde, no dos pescadores, que indica esperança, nos painéis centrais, mais utilizado o vermelho para realçar o tema central do quadro, e no lado direito, são as cores vivas que predominam. É também dotada de um grande espírito de geometrização pois estão presentes em cada quadro, três figuras centrais, excepto no painel dos cavaleiros que possui quatro. Na parte superior da obra é igualmente possível observar-se um muro humano, não permitindo assim a existência de uma grande perspectiva ou profundidade no quadro, apenas através do chão é que é possível observá-la, em que as suas linhas nos indicam o ponto de fuga.

Esta obra é caracterizada também por deter variadas interpretações, mas irei aqui analisar detalhadamente e individualmente cada um dos quadros, abrangendo uma parte de cada interpretação: O primeiro painel, onde se destacam os frades, que devido ao seu hábito branco se pense se tratarem de cistercienses de Alcobaça ou agostinhos regulares do Mosteiro de S. Vicente; é também possível identificar-se um madeiro, carregado pelo frade de cabelo e barba longos, que se pensa tratar-se de um caixão que guardava as relíquias de S. Vicente ou um leito de pregos, relacionado com o martírio do Santo.

O segundo painel, trata-se do Painel dos Pescadores, onde é possível observar três figuras, que aparentam exercer essa mesma profissão, e que se desconhece se se tratam de figuras históricas ou pescadores anónimos. Possui ainda outra curiosidade que é que a rede que cobre estes pescadores foi pintada por outro autor. Estas três figuras formam um triangulo, dando-nos a sensação de existir algo que os une; Há um dos pescadores que se destaca que se encontra ajoelhado, segurando o rosário, e olhando sempre fixamente para qualquer observador do quadro; Embora se assemelhe a um frade, devido ao hábito castanho, o rosário que pega, é constituído por vértebras de peixe, dando-nos a certeza de que a figura se enquadra;

No terceiro e no quarto painéis, ou seja, os painéis centrais, encontra se representada a figura de S. Vicente, como uma figura tutelar, em torno da qual se dispõem figuras de grande importância histórica. Este Santo está destacado, quer pelo espaço central que ocupa na obra, quer pela incidência dos focos de luz e força luminosa do rosto.

O terceiro painel é conhecido pelo Painel do Infante, pela presença do Infante D. Henrique, à direita do Santo; Este painel possui uma particularidade, que é a representação de duas figuras femininas (a rainha e a rainha-mãe – D. Isabel e D. Leonor) e um adolescente (embora o quadro anterior, dos pescadores, suscite algumas dúvidas quanto ao sexo do pescador de azul). Este acto pode ser entendido como um juramento ou veneração à família real. Outra curiosidade neste painel é, o livro que S. Vicente se encontra a segurar, trata-se do livro dos Evangelhos (Evangelhos segundo S. João), que nesta obra se encontra legível ao observador; o homem a quem S. Vicente se dirige é muito provavelmente, o rei D. Afonso V.

O quarto painel, também conhecido como Painel do Arcebispo, uma designação um pouco insólita, pois a personagem à qual o nome do quadro é atribuído, encontra-se num terceiro plano, ou seja, no fundo do quadro; os protagonistas deste painel, através das suas semelhantes vestes e armas (lanças e espada), apercebemo-nos que estes são cavaleiros da alta nobreza da sociedade. Um simbolismo bastante evidente neste painel é a corda que se encontra aos pés de S. Vicente, que simboliza o martírio sofrido pelo mesmo no norte de Africa, pelos mouros, caso idêntico também ao de D. Fernando, irmão de D. Afonso V, que se encontra aqui representado, ajoelhado aos pés do Santo, que foi enforcado no mesmo local, pelas mesmas “mãos”.

O quinto painel, denominado Painel dos Cavaleiros, detém um grande sentido de igualdade, bastante diferente do anterior. Os quatro cavaleiros que se destacam em primeiro plano no painel, são dotados de individualidade, sendo representados com diferentes vestes e expressões faciais que as caracterizam. Ao fundo do painel, estão representados quatro elementos do baixo-clero (clero paroquial) ou representantes de Ordens militares religiosas, que trajados de branco, contrastam com as outras personagens, dando-lhes mais “relevo”. Uma curiosidade deste painel é a origem do cavaleiro que se encontra mais próximo dos eclesiásticos, que se pensa se tratar de um cavaleiro mouro.

O sexto e último painel, trata-se do Painel da Relíquia, pois a figura principal é possivelmente um elemento do alto clero, que está a segurar um osso do crânio, que é a relíquia de S. Vicente; também o enquadramento do caixão do fundo neste painel, faz transparecer que a sua utilidade era o transporte das relíquias de S. Vicente. Outro aspecto bastante bizarro, aqui representado é que todo este painel possui um carácter cristão, mas o livro que se encontra aberto, que é ilegível, trata-se da Bíblia hebraica, segurada por um suposto judeu.




Pintura Gótica

O traço que mais identifica a pintura gótica é seu intencional naturalismo. Partindo da premissa de que a representação do mundo real refletia a verdadeira natureza divina da criação, os pintores do gótico elaboraram uma pintura carregada de simbolismo, a fim de tocar emocionalmente o observador. O resultado foi a criação de uma arte de linhas claras e cores puras, na qual era a cor que expressavam o valor simbólico da espiritualidade.
A finalidade primordial da pintura gótica era ensinar a criação divina e, num sentido mais did
ático, narrar as Escrituras para o maior número de pessoas, quase sempre analfabetas. Os temas eram religiosos, tirados da tradição bizantina. Além das histórias da Bíblia, representava-se também a vida dos santos e a iconografia de Cristo, particularmente a crucificação, capítulo central da teologia da Idade Média.



Escultura Gótica

Está presente nas fachadas, tímpanos e portais das catedrais, que foram o espaço ideal para sua realização. Como a pintura, a escultura se caracterizou por um calculado naturalismo que, mais do que as formas da realidade, procurou expressar a beleza ideal do divino. Para isso, teve de recorrer às técnicas da Antiguidade Clássica, ainda que sob as mesmas concepções adoptadas depois pelos renascentistas.
As figuras vão adquirindo naturalidade e dinamismo, as formas se tornam arredondadas, a expressão do rosto se acentua e aparecem as primeiras cenas de diálogos nos portais. A separação em relação à arquitectura é então um fato: as esculturas começam a se destacar como obras independentes. As roupas ficam mais pesadas e se multiplicam as dobras, que já não são lineares e rígidas, mas sim onduladas, expressivas e mais naturais.


Arquitectura Gótica

Arquitetura gótica é um estilo arquitectónico que segundo pesquisas, é evolução da arquitectura românica e precede a arquitectura renascentista. Foi desenvolvido na França em pleno período medieval, onde originalmente se chamava "Obra Francesa" (Opus Francigenum). O termo 'gótico' só apareceu no final da Renascença como um insulto estilístico.Com o gótico, a arquitectura ocidental atingiu um dos pontos culminantes da arquitetura pura. As abóbadas cada vez mais elevadas e maiores, não apoiavam-se em muros e paredes compactas e sim sobre pilastra ou feixes de colunas. Uma série de suportes que eram constituídos por arcobotantes e contrafortes possuíam a função de equilibrar de modo externo o peso excessivo das abóbadas. Desta forma, imensas paredes espessas foram excluídas dos edifícios de género gótico e foram substituídas por vitrais e rosáceas que iluminavam o ambiente interno. "O estilo gótico ficou marcado em muitas catedrais europeias, entre elas a de Notre-Dame, Chartres, Colônia e Amiens, a maioria classificada como Patrimônio Mundial da UNESCO. Muitas catedrais góticas caracterizam-se pelo verticalismo e majestade, denominando-se durante a Idade Média, como supremacia e influência para a população.

Estilo Gótico

O estilo gótico é identificado como o período das grandes catedrais. De fato, com suas construções começaram a ser definidos os princípios fundamentais desse estilo. O gótico teve início na França, novo centro de poder depois da queda do Sacro Império, em meados do século XII, e terminou aproximadamente no século XIV, embora em alguns países do resto da Europa, como a Alemanha, se entendesse até bem depois de iniciado o século XV.
O gótico era uma arte imbuída da volta do refinamento e da
civilização na Europa e o fim do bárbaro obscurantismo medieval. A palavra gótico, que faz referência aos godos ou povos bárbaros do norte, foi escolhida pelos italianos do renascimento para descrever essas descomunais construções que, na sua opinião, escapavam aos critérios bem proporcionados da arquitetura.
Foi nas universidades, sob o severo postulado da escolástica - Deus Como Unidade Suprema e Matemática -, que se estabeleceram as bases dessa arte eminent
emente teológica. A verticalidade das formas, a pureza das linhas e o recato da ornamentação na arquitetura foram transportados também para a pintura e a escultura. O gótico implicava uma renovação das formas e técnicas de toda a arte com o objetivo de expressar a harmonia divina.
A construção gótica, de modo geral, se diferenciou pela elevação e desmaterialização das paredes, assim como pela especial distribuição da luz no espaço. Tudo isso foi possível graças a duas das inovações arquitetônicas mais importantes desse período: o arco em ponta, responsável pela elevação vertical do edifício, e a abóbada cruzada, que veio permitir a cobertura de espaços quadrados, curvos ou irregulares.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Estilo Gótico e Manuelino

ESTILO GÓTICO EM PORTUGAL


Gótico em Portugal
O gótico em Portugal foi um movimento artístico que se centrou no desenvolvimento da arquitectura e artes plásticas, focada sobretudo nas construções religiosas. Apareceu no final do século XII e prolongou-se através do estilo Manuelino (gótico tardio) até ao século XV.

O estilo gótico aparece no último quartel do século XII, com as obras do Mosteiro de Alcobaça (começado em 1178 e habitado a partir de 1222). O Mosteiro, fundado pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, para a Ordem Cisterciense, é a primeira obra totalmente gótica de Portugal. Entretanto, a dissolução do estilo românico pelo gótico ocorreu lentamente, havendo muitas igrejas portuguesas de estilo de transição românico-gótico datando do século XIII e até do século XIV.





As características da arte gótica são:
-Na arquitectura: Vários portais nas construções, ao invés de apenas um como na arte romântica; o uso da abóbada de nervuras; o uso do arco ogival e os pilares de apoio, que faziam com que as paredes pudessem ser mais finas; e o surgimento dos vitrais coloridos, filtrando a luz externa. - Na pintura: a procura do realismo na representação dos seres que compunham a obra; a impressão de movimento de figuras como anjos e santos; a identificação da figura dos santos com os seres humanos de aparência comum. - Na escultura: o registro de aspectos da vida humana que as pessoas mais valorizavam na época; a tendência naturalista; o baixo-relevo; e a concepção da figura isolada, sem o suporte de colunas.



Exemplos de Arte Gótica






Estilo Manuelino

A arquitectura do gótico-manuelino integra-se no modo típico de construção do gótico e desenvolve a tendência da arte final deste estilo para a descompartimentação e homogeneização dos espaços interiores. Esta característica explica a preferência típica do manuelino pelas igrejas-salão.
No campo decorativo, a representação da natureza expressa-se por ornamentações de carácter realista onde a demonstração vegetalista aparece frequentemente de forma exuberante, como se pode verificar nas obras mais importantes do manuelino: janela da Sala do Capitulo do convento de Cristo (c. 1510), em Tomar, Mosteiro dos Jerónimos, com especial destaque para o magnifico portal da igreja, arcada do claustro de D. Manuel no Mosteiro da Batalha ou ainda na Torre de Belém.

O exotismo que transparece na representação de animais, flora e seres humanos estranhos, no qual alguns pretenderam ver a especificidade bem portuguesa do manuelino, aparece episodicamente. O seu principal significado estará na procura do diferente e do novo, na pretensão nacionalista de se distinguir dos modelos estrangeiros, transportando para o espaço nacional elementos que faziam parte do quotidiano das viagens e dos encontros civilizacionais no Império Português. Por outro lado o facto de o gótico-manuelino se ter desenvolvido, quase sempre, sob a tutela da coroa explica a utilização de elementos decorativos associados ao objectivo da exaltação da monarquia de direito divino, como a esfera armilar, ou ainda o profundo sentido místico que emana das imagens sacras, em particular da Virgem, transformada por D. Manuel I numa espécie de símbolo régio.


Exemplos do Estilo Manuelino






sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

ILUMINISMO

Nome de movimento intelectual situáveis na Europa de século XVIII, embora com importantes antecedentes, nomeadamente na Grécia antiga, e que parte da identificação entre cultura e civilização, convertida em ideal de razão, ciência e progresso. Tal movimento, que se reclama herdeiro do racionalismo do século XVII, tem alguns dos seus representantes mais influentes na França, Suíça e Alemanha. Os escritos de Jean Jacques Rosseau e dos enciclopedistas franceses polarizam boa parte do movimento, mas o facto de a filosofia de Kant ou a literatura favorável às Revoluções Americana e Francesa serem frequentemente incluídas no seu âmbito torna a respectiva caracterização mais difícil de sintetizar. Francis Bacon, Descartes, Newton e Locke são alguns dos filósofos e cientistas usualmente apontados como precursores próximos. Representante típico do iluminismo setecentista é o alemão J. Christian Wolff, que no livro Pensamentos racionais sobre Deus, o mundo, a alma humana e todas as coisas em geral (1720) expõe as suas convicções fundamentais: a razão humana tem a possibilidade de dissipar as nuvens da ignorância, do erro e da injustiça, até iluminar, como um sol, o caminho da ciência que há-de permitir à humanidade o progresso e a felicidade.
Os princípios iluministas andam em geral associados a uma crítica racional propícia à investigação científica e tecnológica, à tolerância, ao humanitarismo e aos direitos universais do homem. Na esfera religiosa, a desconfiança em relação ao dogmatismo tendia, na época setecentista, a favorecer o deísmo, que se concentra num conjunto de noções básicas abstraídas das grandes religiões ¾ nomeadamente na existência de um Ser supremo, criador benévolo e digno de adoração universal. Confiantes no progresso, os iluministas (entre os quais Voltaire, apesar da sua sátira ao optimismo panglássico), desenvolveram por vezes estrénuo combate ao ancien régime e às instituições que consideravam suporte deste. Na Grã-Bretanha, os iluministas de grupo ou escola são menos fáceis de encontrar. No entanto, vários autores britânicos evidenciam algumas afinidades com posições iluministas; é o caso, por exemplo, do filósofo e historiador Hume e do historiador Gibbon, do romancista e ideólogo anarquista Godwin e de sua mulher, a feminista Mary Wollstonecraft, ou do político Thomas Paine. A influência do primeiro no segundo e noutros autores ultrapassou os círculos de Edinburgo e Glasgow, justificando, todavia, referências ao 'Iluminismo escocês', no qual são por vezes também incluídos Adam Smth e Adam Ferguson, entre vários economistas coetâneos responsáveis pelo avento do liberalismo económico.Os ideais iluministas têm, no entanto, como se disse, antecedentes antigos. Quando os Gregos se consideravam superiores aos bárbaros, partiam da noção de que a sua cultura radicava numa valorização da razão e da tradição intelectual que escapavam a outros povos, o que manteria estes numa passividade determinante do respectio estado de barbárie. Para os mesmos princípios, ideias e ideais, muito contribuíram Demócrito e a sua visão ‘progressista’ da história humana; ou Protágoras, Antifonte, Pródico de Céos e Hípias de Élis, enquanto representantes de uma sofística que, na segunda metade do século V a. C., procurava distinguir o ethos (o que se é por natureza) do nomos (o que se é por convenção). Análoga visão se encontra no rector latino Aulo-Gélio, que usa a expressão ‘veritas filia temporis’ num sentido caro aos futuros iluministas. Também a oposição renascentista ao ‘barbarismo’ gótico assenta na valorização de uma superior racionalidade. Os rótulos da época setecentista como ‘século das luzes’ e ‘idade da razão’, hoje bastante ultrapassados (sobretudo o segundo), documentam uma mentalidade crescentemente orientada para o empirismo científico, para a crença na possibilidade de domar a naturea e de a pôr ao serviço do homem. A essa orientação, já presente em Francis Bacon (cf. os objectivos da Academia de Salomão, em New Atlantis), virá frequentemente juntar-se um agnosticismo anti-metafísico, como se verifica em alguns dos philosophes franceses do século XVIII. A mesma orientação, aprofundada depois no século XIX tem-se mantido na cultura cientifista que vem até aos nossos dias. Esquemas e simbolizações lineares de crescente perfectibilismo, presentes ainda na mundividência judaico-cristã e não apenas no iluminismo, contrastam, contudo, com imagens, muito persistentes na história da cultura europeia, de um desenvolvimento cíclico não necessariamente progressivo ou de global sinal positivo.

Românico

ARTE ROMÂNICA

Em 476, com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, tem início o período histórico conhecido por Idade Média. Na Idade Média a arte tem suas raízes na época conhecida como Paleocristã, trazendo modificações no comportamento humano, com o Cristianismo a arte se voltou para a valorização do espírito. Os valores da religião cristã vão impregnar todos os aspectos da vida medieval. A concepção de mundo dominada pela figura de Deus proposto pelo cristianismo é chamada de teocentrismo (teos = Deus). Deus é o centro do universo e a medida de todas as coisas. A igreja como representante de Deus na Terra, tinha poderes ilimitados.


ARQUITETURA

No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja a estrutura era semelhante às construções dos antigos romanos.
As características mais significativas da arquitetura românica são:
* abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;
* pilares maciços que sustentavam e das paredes espessas;
* aberturas raras e estreitas usadas como janelas;
* torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada; e
* arcos que são formados por 180 graus.


A primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o seu tamanho. Elas são sempre grandes e sólidas. Daí serem chamadas: fortalezas de Deus. A explicação mais aceita para as formas volumosas, estilizadas e duras dessas igrejas é o fato da arte românica não ser fruto do gosto refinado da nobreza nem das idéias desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo essencialmente clerical. A arte desse período passa, assim a ser encarada como uma extensão do serviço divino e uma oferenda à divindade. A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido do seu conjunto o campanário que começou a ser construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou porque, com o passar do tempo, o terreno cedeu. Na Itália, diferente do resto da Europa, não apresenta formas pesadas, duras e primitivas.



PINTURA E ESCULTURA

Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas da arquitetura. A pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, através da técnica do afresco, que originalmente era uma técnica de pintar sobre a parede úmida. Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As características essenciais da pintura românica foram a deformação e o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os sentimentos religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da realidade. A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as outras que o cercam. O colorismo realizou-se no emprego de cores chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza. Na porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome que recebe a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta. Imitação de formas rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos naturais.

MOSAICO

A técnica da decoração com mosaico, isto é, pequeninas pedras, de vários formatos e cores, que colocadas lado a lado vão formando o desenho, conheceu seu auge na época do românico. Usado desde a Antigüidade, é originária do Oriente onde a técnica bizantina utilizava o azul e dourado, para representar o próprio céu.