segunda-feira, 26 de abril de 2010

Maneirismo em Portugal

O Maneirismo foi um estilo e um movimento artísticos europeus de retoma de certas expressões da cultura medieval que, aproximadamente os anos de entre 1515 e 1610, constituíram manifesta reacção contra os valores clássicos prestigiados pelo humanismo renascentista. Caracterizou-se pela concentração na maneira, o estilo levou à procura de efeitos bizarros que já apontam para a arte moderna, como o alongamento das figuras humanas e os pontos de vista inusitados. As primeiras manifestações neoclássicas dentro do espírito clássico renascentista costumam ser chamadas de maneiristas. O termo surge da expressão a maneira de, usada para se referir a artistas que faziam questão de imprimir certas marcas individuais em suas obras. Na literatura, em que sobressaem autores como Tasso, Cervantes, Ronsard, Shakespeare, e os poetas metafísicos, Camões, Bernardes, para nomear os principais, apenas e de passagem, observamos uma temática abrangente e comum que vai da dor à efemeridade, da desventura à incessante mutação de tudo, do nascimento à morte, que constitui o que se denominou "O homem e sua miséria". A angústia dessa condição miserável não está circunscrita apenas ao momento presente, pois que já vem do pecado original. Assim como o ameaçador mar, misterioso e portanto traiçoeiro, quando revolto; o mundo instável e aterrador, cheio de perigos e ciladas, tópicos muito gratos a poetas como Bernardes e Camões: "Andando em bravo mar, perdido o lenho". Também o desconcerto do mundo expressa-se em vários poetas; o labirinto em que a "alma está metida", o amor com suas contradições, evidenciam a natureza miserável e instável, ambígua, em que sobressai a melancolia e gera angústia.

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